Educação
infantil: antigos dilemas, novos desafios.
Elienai Silva
O
conceito de criança sobre o qual se assentam os atuais parâmetros da Educação Infantil constitui uma interessante fonte
de novas expectativas sobre o que pressupõe trabalhar com crianças nas séries
iniciais. São preocupações antigas, mas que permanecem desafiando os educadores
contemporâneos. Pelo menos duas questões valem a pena ser discutidas: a ideia
da criança como ser de direito e como vem sendo desenvolvido o currículo nas
salas de Educação Infantil.
A
criança sempre foi vista como um ser passivo, a própria história da infância mostra
que a mesma teve que viver em um mundo alheio, que não foi feito para seu
tamanho, para suas necessidades e interesses, fazer parte do mundo só se
conseguia após a infância e sob algumas condições. Os professores nomeados para
essas turmas, na maioria das vezes, eram aqueles que não tinham instrução
suficiente para assumir as séries posteriores. É fato que a situação evoluiu e
que hoje já se reconhece os direitos das crianças e a importância não só de
adequar as estruturas físicas da escola às medidas das mesmas, porém de
garantir profissionais capacitados para atendê-los assegurando um
desenvolvimento eficiente e agradável em uma faixa-etária onde o fazer
pedagógico cotidiano não é fácil. A discussão sobre os direitos das crianças
não é nova a ultima Convenção Internacional sobre os Direitos da Infância
ocorreu em 1989 e reuniu vários artigos sobre as responsabilidades da sociedade
para com as crianças. Entre muitos direitos destaca-se ali o direito de ser
educado em tais condições que garanta o pleno desenvolvimento pessoal, social e
econômico.
A
preocupação com o pleno desenvolvimento dos pequenos nos remete a segunda
questão aqui enfatizada, o desenvolvimento do currículo na Educação Infantil.
Tradicionalmente a escola tem se agitado entre um risco duplo de converter-se
em uma instituição assistencialista empenhada unicamente em guardar e cuidar de
crianças pequenas, relegando a segundo plano sua identidade como instituição
educativa. Por outro lado, o de transformar a primeira experiência da criança
com a escola em um desagradável período de grandes exigências instrutivas. Além
da preocupação com a continuidade dos níveis formativos.
O
fato é que a estrutura curricular da Educação Infantil está bem definida, com
seus objetivos e propósitos formativos, áreas de experiência, orientações metodológicas,
etc. Não é um simples estar com as crianças como pregava a velha ideia de que
na escola infantil o importante era que a criança passasse bem, brincasse muito
e que, o que os professores tinham que fazer era tornar interessante o estímulo
de cada situação. Hoje, sabe-se que esse trabalho deve ser minuciosamente planejado
e pensado com uma preocupação, de que essas crianças vão continuar seus estudos
e precisam de um conteúdo mínimo. Vale ressaltar, que isso não significa dizer
que se postule um ensino rígido e extenuante e sim de articular um fundo
intencional curricular nas atividades lúdicas e prazerosas desenvolvidas no
ambiente escolar.
Em
síntese, a criança precisa ter seus direitos assegurados, não vai para a escola
apenas para ser cuidada. Trata-se de se fazer justiça ao seu admirável
potencial de aprendizagem nos anos iniciais, ou seja, de dar recursos para a
mesma crescer aproveitando uma oportunidade de desenvolvimento que a mesma não
teria sem a atenção especializada que lhe presta a educação infantil.