segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A atividade da criança na idade pré-escolar


Elvira Cristina de Azevedo Souza Lima

Brincar é uma atividade universal, encontrada nos vários grupos humanos, em diferentes períodos históricos e estágios de desenvolvimento econômico. Evidentemente, as várias modalidades lúdicas não existem em todas as épocas e também não permanecem imutáveis através dos tempos. Como toda atividade humana, o brincar se constitui na interação de vários fatores que marcam determinado momento histórico sendo transformado pela própria ação dos indivíduos e por suas produções cultural e tecnológica. Os jogos e as brincadeiras são assim transformados continuamente. A criança brinca para conhecer-se a si própria e aos outros em suas relações recíprocas, para aprender as normas sociais de comportamento, os hábitos determinados pela cultura; para conhecer os objetos em seu contexto, ou seja, o uso cultural dos objetos; para desenvolver a linguagem e a narrativa; para trabalhar com o imaginário; para conhecer os eventos e fenômenos que ocorrem a sua volta. A realização de jogos e brincadeiras na primeira infância envolve naturalmente o movimento, que vai dominar como componente, pois através dele a criança se coloca no meio, inteirando-se com os objetos, com as pessoas, explorando seu próprio corpo, o espaço físico. Uma das funções da brincadeira é permitir à criança o exercício do movimento. (...) O movimento tem, assim, relevância destacada na infância, pois ele serve para a criança se relacionar com o outro, explorar o espaço - situando-se nele -, bem como os objetos e o próprio corpo.

Publicação: Série Idéias n. 10, São Paulo: FDE, 1992.
Páginas: 17 a 23

sábado, 28 de janeiro de 2012

Primeira Postagem


Educação infantil: antigos dilemas, novos desafios.

 Elienai Silva 

O conceito de criança sobre o qual se assentam os atuais parâmetros da Educação Infantil constitui uma interessante fonte de novas expectativas sobre o que pressupõe trabalhar com crianças nas séries iniciais. São preocupações antigas, mas que permanecem desafiando os educadores contemporâneos. Pelo menos duas questões valem a pena ser discutidas: a ideia da criança como ser de direito e como vem sendo desenvolvido o currículo nas salas de Educação Infantil.
A criança sempre foi vista como um ser passivo, a própria história da infância mostra que a mesma teve que viver em um mundo alheio, que não foi feito para seu tamanho, para suas necessidades e interesses, fazer parte do mundo só se conseguia após a infância e sob algumas condições. Os professores nomeados para essas turmas, na maioria das vezes, eram aqueles que não tinham instrução suficiente para assumir as séries posteriores. É fato que a situação evoluiu e que hoje já se reconhece os direitos das crianças e a importância não só de adequar as estruturas físicas da escola às medidas das mesmas, porém de garantir profissionais capacitados para atendê-los assegurando um desenvolvimento eficiente e agradável em uma faixa-etária onde o fazer pedagógico cotidiano não é fácil. A discussão sobre os direitos das crianças não é nova a ultima Convenção Internacional sobre os Direitos da Infância ocorreu em 1989 e reuniu vários artigos sobre as responsabilidades da sociedade para com as crianças. Entre muitos direitos destaca-se ali o direito de ser educado em tais condições que garanta o pleno desenvolvimento pessoal, social e econômico.
A preocupação com o pleno desenvolvimento dos pequenos nos remete a segunda questão aqui enfatizada, o desenvolvimento do currículo na Educação Infantil. Tradicionalmente a escola tem se agitado entre um risco duplo de converter-se em uma instituição assistencialista empenhada unicamente em guardar e cuidar de crianças pequenas, relegando a segundo plano sua identidade como instituição educativa. Por outro lado, o de transformar a primeira experiência da criança com a escola em um desagradável período de grandes exigências instrutivas. Além da preocupação com a continuidade dos níveis formativos.
O fato é que a estrutura curricular da Educação Infantil está bem definida, com seus objetivos e propósitos formativos, áreas de experiência, orientações metodológicas, etc. Não é um simples estar com as crianças como pregava a velha ideia de que na escola infantil o importante era que a criança passasse bem, brincasse muito e que, o que os professores tinham que fazer era tornar interessante o estímulo de cada situação. Hoje, sabe-se que esse trabalho deve ser minuciosamente planejado e pensado com uma preocupação, de que essas crianças vão continuar seus estudos e precisam de um conteúdo mínimo. Vale ressaltar, que isso não significa dizer que se postule um ensino rígido e extenuante e sim de articular um fundo intencional curricular nas atividades lúdicas e prazerosas desenvolvidas no ambiente escolar.
Em síntese, a criança precisa ter seus direitos assegurados, não vai para a escola apenas para ser cuidada. Trata-se de se fazer justiça ao seu admirável potencial de aprendizagem nos anos iniciais, ou seja, de dar recursos para a mesma crescer aproveitando uma oportunidade de desenvolvimento que a mesma não teria sem a atenção especializada que lhe presta a educação infantil.